Virada (in)cultural

Eu tinha dito que não iria à virada cultural por alguns motivos: medo de multidões, aversão à hippies, góticos e tribos esquisitas em geral e receio de ter meu cérebro danificado de alguma forma por uma apresentação do Cordel do Fogo Encantado. Entretanto, eis que me vi ontem, as onze da noite, trocando telefonemas impacientes na tentativa de achar uma amiga que me dava como ponto de referência para encontrá-la em meio a milhares de pessoas a seguinte informação: "estou na Rio Branco, debaixo de uma placa de trânsito e ao lado de um churrasquinho."
Milagrosamente encontrei minha amiga. Não comi o churrasquinho, mas tomei várias cervejas quentes, fui empurrada, implorei para fazer xixi em um estacionamento (visto que as outras opções possivelmente estavam próximas do "pior banheiro da Escócia" do Trainspotting), vi uma quantidade absurda de gente esquisita por metro quadrado e ouvi mais música chata do que o recomendado pela OMS. Camelôs passavam por toda parte vendendo cerveja choca, água, refrigerante e, MEDO, vinho em garrafa pet. Um conhecido que tinha chegado até lá de metrô contou que a situação de lotação na plataforma do Anhangabaú era tal que o cenário constituía uma tragédia anunciada. Alguém, cedo ou tarde, ia morrer naquela estação. Tínhamos ido para tentar ver o Camisa de Vênus na República, mas o número de pessoas que começou a se dirigir ao palco perto da hora do show imediatamente demoveu a mim e a queridão de uma idéia tão tosca. O jeito foi ir pra casa cedo.
Verdade seja dita, apesar do incidente do metrô, a coisa toda me pareceu bem traquila. Fora a falta de civilidade já esperada do povo jogando lixo no chão, os adolescentes berrando no meio da rua e o empurra-empurra, não saí do evento completamente chocada e puta da vida, como eu esperava. Talvez eu até volte ano que vem. Mas só se me garantirem que eu não vai ter Teatro Mágico.

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