Ainda sobre pesquisa escolar

Não é saudosismo nem síndrome do "no meu tempo era melhor". Não era. Fazer pesquisa quando eu estava no colégio era um parto, uma desgraça e se você não tivesse uma Barsa em casa tinha que ir até a biblioteca e copiar tudo na mão. Não tinha máquina de xerox não. E ainda que tivesse, seria tirar cópia para, em casa, perder um tempão passando tudo para a folha de almaço. Cópia, no máximo, das figuras. Passei tardes e tardes enfiada na Viriato Corrêa pesquisando plantas, animais, segunda guerra mundial e o que mais o currículo escolar achasse fundamental que eu aprendesse. Eu não era, entretanto, uma criança infeliz por isso. Aliás, eu gostava (oi, nerd desde pequena), era uma oportunidade de pegar o metrô sozinha (sim, em 1988 uma criança podia pegar metrô sozinha sem o risco de ser pisoteada, sequestrada, assaltada ou sei lá o que), encontrar os amigos e tomar sorvete na volta. Era divertido.

Mas ah! se eu tivesse tido internet quando estava na quarta série. Não que eu fosse uma criança prodígio ou coisa parecida, mas era absurdamente curiosa e criativa. Eu fazia a mão o jornal do prédio e colocava placas feitas com papel sulfite e canetinha que diziam "Redação" na porta do meu quarto. Se existisse internet em 1988 era bem capaz de eu ter tido um blog muito produtivo aos 10 anos de idade. Seria uma criança mil vezes mais esperta do que eu fui (e eu nem era das mais lerdas, ok?). Seria insuportável.

Mas pra quê serve a internet para as crianças da quarta série que tem acesso a ela? Pra nada. Pra jogar videogame, ver putaria, piratear funk, colocar fotos no espelho fazendo bico e tentar enganar professor. Só. É ou não pra se emputecer com tanto desperdício de potencial?

Comentários

  1. Alfabetização e letramento: entre as professoras da EI e EF-I, há as "professorinhas" que mal ensinam a função do escrever aos seus alunos. Muito menos a utilizar bem um computador (a maioria das atuais nem sabe ligá-lo). O resultado é que a criança aprende só os "outros usos" do micro. Ensinem os pequenos a produzir coisas boas e úteis com o PC e grande parte o fará.

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