E o ano começa

Só há uma coisa pior que jargões corporativos. E são jargões corporativos aplicados a ambientes aos quais eles não pertencem. Por exemplo, ao cotidiano escolar.

Esse ano, ao invés de fazer as próprias apresentações de powerpoint ou usar as do ano passado e chamar de "revisão", a diretoria resolveu contratar uma empresa de consultoria para nos entupir com clichês empresariais a manhã inteira. E a empresa não nos decepcionou. Teve muito "querer é poder", "você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você", "a união faz a força". Teve frase brega sobre amizade falsamente atribuída ao Chaplin. Teve vídeo motivacional. Teve até sete minutos de "Lord of the Dance" para ilustrar a força da diversidade - sabiam que o Michael Flatley é patrimônio vivo da humanidade? Como eu vivi até hoje sem saber disso?

Teve grupinho de discussão. Teve palestrante visivelmente despreparada ("Dividam-se em primário e ginásio"). Teve professor p da vida ("Desculpe, eu esqueci seu nome." "Eu ainda não disse.")

Só não teve o vídeo do filtro solar. E isso eu acho sinceramente imperdoável.

Comentários

  1. Teve metáforas com águias? Nenhuma palestra motivacional pode deixar de comparar m bom profissional a uma águia.

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  2. lord of the dance? por quê???? vc está bem? não surtou? Ande com Rivotril na bolsa. 10 gotinhas.

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  3. E nem teve Simply the Best da Tina Turner tocando no final, enquanto bexigas caem do teto (como já testemunhei)?

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  4. Houve diretor que ano passado ficou desesperado com as transferências para a concorrência. Esbravejava aos professores: "Quais são suas metas para 2010?"

    Metas? Pensei que bastavam os PCN´s e plano de disciplina baseado no planejamento escolar...

    É a escola perdendo o papel e aderindo ao reprodutivismo. Santo Althusser rogai por nós!

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