O inferno dos perdedores de livros emprestados
Aos que me conhecem pessoalmente ou virtualmente, vou logo avisando: eu não sou essa pessoa engraçada e agradável que aparento ser. Eu não sou uma cidadã respeitável. Eu não deveria estar solta por aí interagindo com outros seres humanos.
Começamos a história no banheiro masculino de uma lanchonete não muito católica na esquina da Consolação com a Paulista. O feminino estava sendo utilizado, pela demora era tóxico, eu estava apertada e com pressa, blábláblá. Já no ônibus em direção ao trabalho, me dou conta: o livro!
(Pausa para contar a história do empréstimo porque é boa. Um rapaz que trabalha comigo ganhou o exemplar de uma moça pela qual ele anda interessado. O caso é que o livro é em inglês, língua que ele não domina e ficou com vergonha de dizer isso a ela. Pediu para que eu lesse e contasse a história pra ele, e não querendo ser eu aquela que vai atrapalhar uma história de amor, topei.)
Pois o livro ficou no banheiro masculino de uma lanchonete não muito católica na esquina da Consolação com a Paulista. Eu não podia voltar para pegar pois estava atrasada - fui no caminho pesquisando o bendito em livrarias e sebos virtuais - nadica de nada. Fui no street view achar o telefone do lugar na fachada do mesmo - não havia. Joguei o nome no google - telefone desligado. Eu estava condenada a arder no inferno daqueles que perdem livros emprestados (que segundo um colega seria "um lugar em q vês todos teus livros favoritos, mas antes de alcançá-los, teus inimigos os rasgarão e rirão perante a ti, arremessando-os em seguida numa gigante fornalha") mas resolvi tentar a sorte e voltar lá depois da aula - vai que.
"Moço, eu esqueci um livro aqui hoje de manhã..."
Moço do caixa abre um sorrisão e puxa a lombada de capa roxa de alguma gaveta: "Mas logo no banheiro masculino, gata?"
Dou aquele sorriso amarelo que diz "longa história" e ele continua:
"Sorte sua que fui que entrei logo depois e eu gosto muito de livros, viu? Tava cuidando bem desse aqui, pena que eu não sei inglês."
Me entregou: "Que bom que você voltou pra buscar."
Estou salva. Desse inferno pelo menos, graças ao caixa da lanchonete não muito católica na esquina da Consolação com a Paulista que gosta de livros.
Eu perco livros.
Eu perco livros que não são meus.
Sim, caríssimos, vocês entenderam. Eu perco livros emprestados, sou ou não sou um perigo para a sociedade?
Começamos a história no banheiro masculino de uma lanchonete não muito católica na esquina da Consolação com a Paulista. O feminino estava sendo utilizado, pela demora era tóxico, eu estava apertada e com pressa, blábláblá. Já no ônibus em direção ao trabalho, me dou conta: o livro!
(Pausa para contar a história do empréstimo porque é boa. Um rapaz que trabalha comigo ganhou o exemplar de uma moça pela qual ele anda interessado. O caso é que o livro é em inglês, língua que ele não domina e ficou com vergonha de dizer isso a ela. Pediu para que eu lesse e contasse a história pra ele, e não querendo ser eu aquela que vai atrapalhar uma história de amor, topei.)
Pois o livro ficou no banheiro masculino de uma lanchonete não muito católica na esquina da Consolação com a Paulista. Eu não podia voltar para pegar pois estava atrasada - fui no caminho pesquisando o bendito em livrarias e sebos virtuais - nadica de nada. Fui no street view achar o telefone do lugar na fachada do mesmo - não havia. Joguei o nome no google - telefone desligado. Eu estava condenada a arder no inferno daqueles que perdem livros emprestados (que segundo um colega seria "um lugar em q vês todos teus livros favoritos, mas antes de alcançá-los, teus inimigos os rasgarão e rirão perante a ti, arremessando-os em seguida numa gigante fornalha") mas resolvi tentar a sorte e voltar lá depois da aula - vai que.
"Moço, eu esqueci um livro aqui hoje de manhã..."
Moço do caixa abre um sorrisão e puxa a lombada de capa roxa de alguma gaveta: "Mas logo no banheiro masculino, gata?"
Dou aquele sorriso amarelo que diz "longa história" e ele continua:
"Sorte sua que fui que entrei logo depois e eu gosto muito de livros, viu? Tava cuidando bem desse aqui, pena que eu não sei inglês."
Me entregou: "Que bom que você voltou pra buscar."
Estou salva. Desse inferno pelo menos, graças ao caixa da lanchonete não muito católica na esquina da Consolação com a Paulista que gosta de livros.
O que eh uma "lanchonete não muito católica"? Eles tem imagens de Krishna na parede? Tocam musica arabe? Os donos sao judeus?
ResponderExcluirhahaha
piadinha infame... desculpe.
Hahaha Luana, isso é coisa do meu pai. Ele dizia que lugares assim, não muito limpinhos, não muito bem frequentados, eram "pouco católicos". E olha que meu pai era ateu!
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