Enlouqueça seu roommate antes que ele enlouqueça você
Professora estrangeira lá de escola contando que no apartamento que ela divide existem cinco lixeiras no banheiro e cinco na cozinha, uma para cada moradora. Primeira reação é imaginar que ela mora em um lugar bem grande porque no meu banheiro mal cabe uma lixeira, imaginem cinco. Em seguida lembrei das histórias que eu vivi e ouvi nos meus anos de república:
O lixo
A mesma professora disse que outro dia precisou fazer uma viagem de emergência e perguntou para a colega se tinha algum problema descer com o lixo naquele horário. A moça respondeu que normalmente desciam com o lixo mais tarde e alguém poderia reclamar.
"É que eu vou pegar um voo daqui a pouco e não queria deixar meu lixo aqui."
"Quantos dias você vai ficar fora?"
"Quatro."
"Aaaah, quatro dias bem fechado ali no canto acho que ele aguenta."
O quer aconteceu com o "deixa aí que quando eu descer com o meu levo o seu também"? Jamais saberemos.
A discórdia
Eu morava com duas meninas, a M e a L. Um dia cheguei em casa e tinha um ~enfeite~ em cima da mesa que devia ter sido cuspido pelo capiroto de tão feio. Quando a L viu, comentou:
"Aff, só pode ser coisa da M essa merda."
Sendo a M conhecida pelo mau gosto e sendo ela também a dona da casa, restou me conformar em olhar para aqueles duendes de durepoxi pendurados num pedaço de tronco durante meses. Até o dia em que a L foi embora.
"Senhor!" reclamou a M "Não acredito que ela foi embora e largou esse treco aqui."
"Ué, não é seu?"
"Lógico que não, cê acha que eu ia botar um negócio horroroso desses em cima da minha mesa?"
O telefone
Antes dos celulares baratos e do plano infinity da TIM, eis que a conta do telefone fixo da república andava aparecendo com aquelas ligações compridas em horário comercial para o Acre que eram como filho de jogador de futebol: ninguém queria assumir. De saco cheio de pagar a conta dos outros, uma das moradoras foi para a casa dos pais no fim de semana e levou o aparelho de telefone. Quando voltou descobriu que outra moradora tinha puxado uma extensão para seu próprio quarto, instalado outro aparelho, tirado do gancho para prender a linha, trancado a porta e ido passar a semana na casa do namorado. Fim
O quadro do Chaplin
Ainda M e L. Um dia M chegou carregando um quadro daqueles de espelho com aquela imagem do Carlitos e do garoto de rua pintados em preto por cima. Nível tronco com duendes de durepoxi de feiúra. Estava radiante, feliz mesmo, dizendo que a-ma-va aquele quadro e que a mãe tinha achado no meio das coisas dela lá no Maranhão. Sim, aquela desgraça tinha viajado do Maranhão até São Paulo e sobrevivido.
M deixou o quadro encostado numa parede num canto da sala e foi trabalhar, dizendo que o penduraria em lugar nobre da casa assim que voltasse. L e eu passamos alguns minutos inconformadas com a possibilidade de ter que olhar para aquilo todo dia ou pior, de receber nossos dates em casa e eles virem aquela coisa.
(Parentêses: além de ter mau gosto para decoração a M também tinha mau gosto para livros, pois ela tinha uma cadelinha poodle chamada Brida)
Dois segundos depois só vejo a L passando em direção à cozinha e, no caminho, dando aquela esbarrada de leve no quadro, que caiu e quebrou. Diante da minha cara de "cê tá louca", ela só retrucou:
"Foi a Brida"
Tem mais histórias de onde essas vieram, garanto. Aos poucos eu vou lembrando. Vida de república é meio tipo casamento arranjado, mas sem o sexo - o que eu não sei bem se é uma vantagem.
O lixo
A mesma professora disse que outro dia precisou fazer uma viagem de emergência e perguntou para a colega se tinha algum problema descer com o lixo naquele horário. A moça respondeu que normalmente desciam com o lixo mais tarde e alguém poderia reclamar.
"É que eu vou pegar um voo daqui a pouco e não queria deixar meu lixo aqui."
"Quantos dias você vai ficar fora?"
"Quatro."
"Aaaah, quatro dias bem fechado ali no canto acho que ele aguenta."
O quer aconteceu com o "deixa aí que quando eu descer com o meu levo o seu também"? Jamais saberemos.
A discórdia
Eu morava com duas meninas, a M e a L. Um dia cheguei em casa e tinha um ~enfeite~ em cima da mesa que devia ter sido cuspido pelo capiroto de tão feio. Quando a L viu, comentou:
"Aff, só pode ser coisa da M essa merda."
Sendo a M conhecida pelo mau gosto e sendo ela também a dona da casa, restou me conformar em olhar para aqueles duendes de durepoxi pendurados num pedaço de tronco durante meses. Até o dia em que a L foi embora.
"Senhor!" reclamou a M "Não acredito que ela foi embora e largou esse treco aqui."
"Ué, não é seu?"
"Lógico que não, cê acha que eu ia botar um negócio horroroso desses em cima da minha mesa?"
O telefone
Antes dos celulares baratos e do plano infinity da TIM, eis que a conta do telefone fixo da república andava aparecendo com aquelas ligações compridas em horário comercial para o Acre que eram como filho de jogador de futebol: ninguém queria assumir. De saco cheio de pagar a conta dos outros, uma das moradoras foi para a casa dos pais no fim de semana e levou o aparelho de telefone. Quando voltou descobriu que outra moradora tinha puxado uma extensão para seu próprio quarto, instalado outro aparelho, tirado do gancho para prender a linha, trancado a porta e ido passar a semana na casa do namorado. Fim
O quadro do Chaplin
Ainda M e L. Um dia M chegou carregando um quadro daqueles de espelho com aquela imagem do Carlitos e do garoto de rua pintados em preto por cima. Nível tronco com duendes de durepoxi de feiúra. Estava radiante, feliz mesmo, dizendo que a-ma-va aquele quadro e que a mãe tinha achado no meio das coisas dela lá no Maranhão. Sim, aquela desgraça tinha viajado do Maranhão até São Paulo e sobrevivido.
M deixou o quadro encostado numa parede num canto da sala e foi trabalhar, dizendo que o penduraria em lugar nobre da casa assim que voltasse. L e eu passamos alguns minutos inconformadas com a possibilidade de ter que olhar para aquilo todo dia ou pior, de receber nossos dates em casa e eles virem aquela coisa.
(Parentêses: além de ter mau gosto para decoração a M também tinha mau gosto para livros, pois ela tinha uma cadelinha poodle chamada Brida)
Dois segundos depois só vejo a L passando em direção à cozinha e, no caminho, dando aquela esbarrada de leve no quadro, que caiu e quebrou. Diante da minha cara de "cê tá louca", ela só retrucou:
"Foi a Brida"
Tem mais histórias de onde essas vieram, garanto. Aos poucos eu vou lembrando. Vida de república é meio tipo casamento arranjado, mas sem o sexo - o que eu não sei bem se é uma vantagem.
Sensacional, Paula! E que doidera a república dos 5 banheiros! Eu dei sorte na vida no quesito roommates, pelo jeito!
ResponderExcluirHahahahah As Crônicas de M e L, já sou fã. Mas, gente, de quem era o enfeite então? oO Paula, era seu, pode confessar.
ResponderExcluirHahaha Felipe, tenho quase certeza que o enfeita era da L e ela colocou lá só pra gerar discórdia na casa.
ResponderExcluirNível 1.000 de identificação.
ResponderExcluirRommate X. trouxe um joguinho de xícaras com desenhos de cupcakes. Consideramos seriamente pagar 20 conto para a faxineira dizer que foi ela.