Projeto casas - Spirare Lapa

Outro dia, observando prédios por aí, percebi o seguinte: edifícios classe média antigos, desses dos anos 80, tem nomes de mulher. O meu por exemplo se chama edifício Regina. Edifícios antigos de rico, 100 metros quadrados pra cima, varandão, etc, tem nomes franceses (Maison blébléblé, Versailles etc). Já os novos classe média, esse com um monte de prédios de 20 andares, 2 churrasqueiras e uma piscina curtem mesmo é essa embromazzione de colocar -are no fim das palavras e achar que é italiano. Esse é exatamente o caso do condomínio onde morei por 4 anos, o Spirare Lapa. Spirare, entretanto, não é uma palavra inventada e significa "expirar" em italiano, ou seja, faz tanto sentido para batizar um prédio quanto Hexa II. Enfim, estou desviando do assunto.

No Spirare eu fui morar com mozão e aprendi a brincar de casinha na vida real. Montamos nosso cantinho, ajeitamos nossa rotina, adotamos uma gata e fomos descobrindo as dores e delícias da vida de casal. Mozão organizadíssimo, o geminiano mais virginiano do mundo. Eu bagunceira, sagitariana espírito livre que sim, consegue dormir com a consciência tranquila sabendo que há UM copo sujo na pia. Nos entendemos, não sem um bom golinho da deliciosa paciência de vez em quando, mas estamos aí, depois de 4 anos de escovas de dentes juntinhas. 

No Spirare eu também fui apresentada à classe-média-emergente também conhecida como "conheço meus direitos". Galera que até ontem morava na casa dos pais em Pirituba (nada contra gente, Pirituba é show) e começou a se achar ~rico~ porque comprou um apê na Lapa de baixo que de rica não tem nem o nome. O grupo dos moradores no facebook era um show de horror - toda postagem começava com "É UM ABSURDO!"  mas síndico mesmo ninguém quer ser, né? 

Nosso apartamento ficava no térreo, o que eu particularmente achava ótimo por motivos de: detesto elevador. Só era chato mesmo no Domingo, quando dava pra ouvir as comemorações no salão de festas quase como que se fossem na minha sala. Nada contra comemorações, mas você sabem: está por vir ainda o dia em que seu vizinho fará uma festa tocando músicas que você curte. Fora convidado escorado na minha varanda pra bater papo, eu achava uma delícia. 

O Spirare era legal. Tinha uma piscina (na qual eu fui 3 vezes em 4 anos) e quero-queros no gramado, mas ficava numa rua perigosa e muito longe do trabalho do mozão, e por isso saímos de lá para meu décimo primeiro endereço, de onde escrevo hoje. 

Foi uma jornada longa e difícil, porém divertida. Espero sinceramente demorar muito para ter um décimo segundo endereço, porque na lista de coisas detestáveis de se fazer na vida mudança está certamente no top 10.  


Parzinho de vaso com a main na varanda do apê



Mozão e a gata tirando um cochilo num Domingo qualquer

Comentários

  1. Nossa, eu fiz um projeto semelhante no meu blog... Foram 22 casas! Bem-vinda ao clube!

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  2. Ana foi no seu blog que eu me inspirei! Até falei disso no primeiro post do projeto, mas não lembrava exatamente onde tinha visto :)

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  3. Tanta coisa em comum: sou sagitariana, durmo tranquilamente com a pia cheia de louca suja, detesto elevador. Alice sempre vai ser nossa historia favorita

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  4. Sinto falta de um botão de curtida aqui! Vou fazer o "Projeto Casas" também futuramente, mas só quando minha mãe começar a ler meu blog. E repito que estou ansiosíssima para ler seu próximo post do projeto e que achei engraçado você torcer para não ter a 12nda mudança nesse post... Acho que já passou desse número, não?

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