Infância nos anos 80: eu sobrevivi

Começou com esse tweet:




Dali pra frente galera começou a compartilhar suas histórias de sobrevivência à infância pobre/classe média nos anos 80. Eu inclusive.

Nos anos 80 eu levei cinco pontos porque caí com um casco de coca-cola na mão. A gente andava pra cima e pra baixo com garrafa de vidro indo buscar refrigerante e até cerveja na vendinha. E cigarro, né? Quantos Shelton light eu não comprei pro seu Adelphi no mercadinho do seu Luís.

Nos anos 80 as mães misturavam vinho com água e açúcar e davam pra gente beber no almoço de Domingo. Uma moça na thread do twitter disse que o avô deu cachaça pra ela aos seis anos, pra curar dor de garganta. Isso e as vitaminas com biotônico Fontoura, que até não sei que ano tinha álcool na composição. Meus pais fumavam dentro de casa, na mesa do almoço, na cara da molecada de boas. Todo mundo fumava, aliás.

Falando eu álcool, meu pai tinha um boteco pé-sujo quando eu era pré adolescente. Servi muito rabo de galo pros clientes da tarde enquanto ele ia ao banheiro. Assim como uma das moças que comentou no twitter, conheço bem dose de cachaça até hoje, boteco gourmet não me engana não.


Pé-sujo clássico, com chão de encerado vermelho e pôster do Esporte Clube Votoran, vice-campeão varzeano de 1979

Na categoria automóveis: a gente (e quando eu digo a gente me refiro a praticamente todo mundo que foi pobre/classe média nos anos 80) só foi saber o que era cinto de segurança depois de adulto. Cadeirinha? Oi? Com quatro anos a gente estava era se estapeando com os primos pra ver quem ia no banco da frente. Fora as inúmeras viagens em bagageiros de Belina, caçambas de Fiorino e chiqueirinhos de Fusca. A gente deveria andar por aí com camisetas: Infância nos anos 80, eu sobrevivi. 

A gente brincava em areia de construção daquelas onde todos os gatos da vizinhança cagaram. A mãe da gente nos levava pra visitar vizinho doente pra pegar caxumba e se livrar de uma vez. Eu assisti o Exorcista, Poltergeist e a Mosca antes dos 12 anos de idade. A gente brincava na enxurrada e se ficasse doente apanhava porque né, ninguém mandou. A gente descia ladeirão com carrinho de rolimã, skate, patins e nunca viu uma joelheira ou um capacete na vida.

Minha infância foi ótima e muito feliz, e tudo bem ter um pouco de nostalgia, mas acho que a gente tem que admitir que ser criança nos anos 80 não era fácil não. Molecadinha criada no iPad não aguentaria dois dias.

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Comentários

  1. Fui crianca nos 70 e era mais ou menos isso. Meu pai dava o minister pra gente acender e a gente voltava da cozinha tirando baforadas. Nnehum dos meus irmaos fuma.

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  2. Eu entrava numa boia de pneu e saia boiando em um rio infestado de esquitossomose e detalhe: eu nao sabia nadar!

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  3. que texto fantastico! apesar de ter sido da geração seguinte (anos 90) MUITO do que vocês (geração 80) pegaram,nós pegamos a rabeira! e sim,sim e sim...que nostálgico lembrar de algumas coisas que você citou no seu texto. a nossa infância foi realmente do "cu riscado"! hahaha. adorei o teu blog e já add na minha lista de favoritos do meu! :D

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  4. eu moro numa cidade vizinha à da andreia, e eu estou rindo até agora dela contando que as crianças saíam correndo com as carnes do açougue.

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  5. ah, e sobre "please like me": que final foi aquele!? jamais vou me recuperar.

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  6. bom demais. Lembro do casamento da minha tia, meu pai comprou um barril de chopp, eu e minha irma, com uns 6 e 8 anos na época, adoramos a torneirinha e bebemos direto de lá. E meu avô tinha uma belina com uma buzina de mugido de vaca, ele tinha um bigodão e andava de chapéu de vaqueiro. colocava eu, meus irmãos e primos e no carro (tudo sem cinto) e ia para um pega de carros rodar, e apertava a buzina da vaca e a gente vibrando: roda vô!!! gente, é surreal. Sobrevivemos. Saudade do meu avô que se foi há 15 anos.

    Beijossssssss
    ┌──»ʍi૮ђα ツ

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