O musical da bad parte I - Love ridden


Há uma coisa triste e bonita no nome dessa música. O sufixo -ridden em inglês normalmente é associado a situações e sentimentos negativos e significa algo como perturbado, obcecado, oprimido, devastado por alguma coisa. No corpus do inglês contemporâneo (sim, eu pesquisei) as palavras mais comumente associadas a ridden como sufixo são: crime, conflict, anxiety, scandal, disease, guilt. Nem sinal de love nas 100 primeiras ocorrências.

Eis o refrão dessa bagaça:

No, not "baby" anymore-if I need you
I'll just use your simple name
Only kisses on the cheek from now on
And in a little while, we'll only have to wave

My hand won't hold you down no more
The path is clear to follow through
I stood too long in the way of the door
And now I'm giving up on you

Não, nada de baby nunca mais
Se eu precisar vou te chamar pelo nome
Só beijos no rosto daqui pra frente
E daqui a pouco só iremos acenar

Minha mão não vai mais te segurar
O caminho está livre para seguir
Fiquei tempo demais no meio do caminho
E agora estou desistindo de você

Quando um relacionamento termina uma das coisas mais difíceis de todas é aceitar que aquela pessoa que esteve ao nosso lado por anos, com quem nós dividimos piadas internas e ódios em comum (a verdadeira base de um relacionamento, vamos admitir), aquela pessoa que conhece praticamente todos os buracos do nosso corpo vai eventualmente se tornar um estranho novamente.

Quer dizer, talvez não vá. Conheço gente que se orgulha de ser muito amigo dos ex e observo essas pessoas com um pouco de inveja, mas com a compreensão de que nem todo mundo tem a sorte de ter ou ser um ex legal.

Se ter ou ser o ex legal não é o seu caso (como não era o meu), sigamos em frente.

A gente existiu por anos antes dessa pessoa entrar na nossa vida. Por 29, no meu caso. Eu sei que isso é óbvio, deveria ser pelo menos. Mas não é. Porque é natural dentro de um relacionamento a gente simplesmente esquecer como era a vida antes daquela pessoa. A gente se acostuma a se definir pelo olhar do outro e quando se vê sozinha, não se reconhece. Eu sei bem como é. Mas vamos lá, amiga, repita comigo:

“Eu existi por muitos anos antes desse cara entrar na minha vida. Eu tinha um trabalho, uma família, amigos, um hobby, toda uma história. Eu não me defino por ele e eu vou continuar existindo sem ele.”

Pensando bem, não é uma loucura que uma pessoa que não nasceu perto de você, que não é da sua família, que não esteve com você durante a maior parte da sua vida abale suas estruturas desse jeito? Não é nem um pouco estranho?

Eu acho bem estranho. Pragmaticamente falando não faz sentido nenhum.

“Ah, é amor que chama né?”

É.

Mas do mesmo jeito que essa pessoa chegou e mudou tudo ela foi embora e agora você vai ter que mudar tudo de novo. Sozinha.

Pragmatismo não combina com amor. Mas vai por mim, é ele que vai te tirar da cama quando você estiver lá, totalmente love-ridden.

(Talvez pragmatismo só não seja suficiente. Talvez você precise de álcool, amigos, terapia, alguns remedinhos. Mas o pragmatismo é o primeiro passo)




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