Fofa

Eu sei que eu não sou assim, um exemplo de bom humor. Reclamo bastante, costumo olhar feio para gente folgada no transporte público e não tenho lá muita paciência com quem não se esforça para resolver as coisas. Mas eu tento, na medida do possível, ser agradável com as pessoas e usar todos os meus "por favor", "obrigada", "desculpe" e "com licença" porque, fazer o que?, foi assim que minha mãe e as freiras do Instituto Santa Amália me ensinaram.

E eis que ontem eu precisei de um favor. Não era assim, um favor gigantesco. Não envolvia dinheiro, tempo, ou sair de casa de madrugada no meio de uma nevasca. Era algo que demandaria cinco minutos da única pessoa que poderia fazer aquilo por mim. Eu precisava da cópia do meu holerite de maio, que por uma razão misteriosa escafedera-se da pasta onde guardo essas documentações preciosas para uma futura financiada da Caixa Econômica Federal. Era só o holerite de maio de 2011, minha gente, não de janeiro de 1998.

Chego à secretaria da escola com aquela cara de quem sabe que fez coisa errada (burra, bagunceira, desorganizada, que absurdo perder um holerite!):
"Tudo bem, fulana? Eu preciso de um favor seu. Será que você poderia me arranjar uma cópia do meu holerite de maio?"
Pois a fofa respondeu em caps lock: "ISSO É ARQUIVO MORTO! EU ESTOU SAINDO DE FÉRIAS E NÃO VOU PARAR TUDO QUE EU ESTOU FAZENDO PARA PROCURAR ISSO PRA VOCÊ!"

Olha, não sei não. Mas anos de convivência com outros seres humanos meio que me ensinaram que há maneiras mais civilizadas de dizer a alguém que não pode resolver o problema dele. Especialmente se esse alguém trabalha com você.

Minha colega professora no colégio, que também já foi vítima da ira da secretária mal comida, tem razão. Isso é coisa de gente que não faz cocô.

Comentários

  1. Meu, eu nunca abro meus holerites, hahaha!E nem imagino onde eles estejam.Mas quanto à moça: morar em SP me deixou calejada.

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