O fantástico mundo de Cheshire Cat


Li hoje o post da coleguinha Bruna e imediatamente me lembrei de um dos meus desenhos preferidos na infância, "O fantástico mundo de Bobby". Pra quem não lembra ou não viu, o Bobby era um menininho de cinco anos que levava tudo ao pé da letra (e diante desta frase ele já imaginaria um A, por exemplo, equilibrando, talvez com certa dificuldade, alguma coisa em seu pé. O A tem pé, dois, inclusive. O B não). E, como a coleguinha Bruna mesmo apontou, criança é assim mesmo, tem uma certa dificuldade em compreender o sentido figurado das coisas.
Eu, nos meus oito anos, vira e mexe ouvia no noticiário: "Fulano foi interrogado por suspeita de mau uso da máquina administrativa." Perdia boas horas imaginando como seria a tal máquina. Depois de muita elucubração cheguei a uma versão final da mesma. Pra mim a máquina administrativa era bem grande, de metal. Soltava vapor e era conduzida por um sujeito magrinho e de nariz adunco. Ah, sim, e fazia muito barulho. Só não conseguia imaginar como é que alguém faria mau uso dela. Talvez ficasse na porta da igreja ou do hospital tocando a buzina (sim, pra mim ela tinha buzina), ou passasse com os pneuzões sobre a grama novinha, vai saber.
Havia também a "casa do chapéu". Meu pai gostava muito de usar essa expressão mas, só pra me sacanear, nunca me explicou o que ela significava. Eu ouvia seu Adelphi dizer que tal lugar ficava na casa do chapéu e me roía de curiosidade pra conhecer a tal casa. Meu pai chegou ao cúmulo da maldade de prometer me levar à casa do chapéu num sábado qualquer. E o tal sábado nunca chegava, ora porque chovia, ora porque era feriado e a casa estava fechada. E ele, se divertindo, me descrevia a casa do chapéu como um lugar mágico, incrível. Só parou quando minha mãe resolveu acabar com a brincadeira e me contou que a casa do chapéu era só um jeito de dizer que tal lugar ficava muito longe. Uma decepção, parecida com descobrir que a Vovó Mafalda era homem.
Não vejo a hora da minha irmã ter flhos pra poder me vingar neles.

Comentários

  1. Se quer se vingar, não demore, pois você sabe, os de 3ª séééérie...Se abusar colocam fogo na máquina administrativa.

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  2. Também lembrei da Vovó Mafalda! O dia mais triste da minha infância. Que Papai Noel, nada! Comoassim a Vovó Mafalda era homem????? Aprendi que a vida é cruel, mesmo.

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