Reunião de pais

Funciona assim: eu chego as oito da manhã, tomo dois copos cheios de café, escrevo meu nome e uma lista de números de 1 a 15 (esperança de que só 15 pais apareçam) na lousa junto com as instruções para que os pais escrevam seus nomes e na frente os dos filhos. Porque eu memorizo o nome de 120 crianças, mas 240 pais já é demais para este cérebro cansado.
Eu não fico sozinha na sala porque seria um desperdício de espaço, já que quase ninguém fala com a professora de inglês. Comigo, a professora de português (essa sim, só menos concorrida que a de matemática).

De vez em quando alguém aparece para falar comigo. A conversa é quase sempre a mesma, "ele(a) gosta/ não gosta de inglês." "Eu consigo/ não consigo ajuda-lo (a)." "Ele (a) quer/ não quer fazer curso fora." "O que eu devo fazer?"
Mas a verdade verdadeira, é que eles só sentaram ali porque a professora de português estava demorando para atende-los. Pouquíssimos estavam preocupados de verdade. Pouquíssimos sequer entendem as lições para ajudar os pequenos. Reclamam que não entendem o que a apostila pede, ao que eu me constranjo ao sugerir o óbvio - consulte um dicionário. E é como se eles tivessem pensado nisso pela primeira vez. Saem da sala felizes, aliviados: "Nossa, agora eu vou poder ajudar meu filho na lição de inglês." Lembrando que eu leciono em uma escola particular, pessoal.

Acontece. Pelo menos hoje ninguém me acusou de ser má professora nem fez sugestões idiotas. Até que foi uma boa manhã.

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