O anti-social

O direito de vizinhança passou a reconhecer recentemente a figura do condômino anti-social, que é aquele cidadão que deliberadamente atrapalha a vda dos outros moradores, descumpre regras, enfim: enche o saco de todo mundo de propósito, só porque é corno/burro/mala-sem-alça mesmo. Eu sou uma condômina de sorte e não tenho problemas com meus vizinhos. Mas tenho uma aluna anti-social.
A mulher é adulta, passada dos trinta anos, e está no último nível do curso de Inglês. Tecnicamente, portanto, não há nada que a obrigue a frequentar as aulas uma vez que a cidadã é maior de idade e já atingiu um nível de Inglês que supre suas necessidades profissionais. Entretanto, todos os dias ela entra na sala de aula como se carregasse a Rússia nas costas, se joga na carteira e pergunta: "Quantas aulas faltam para acabar o semestre?" Igualzinho a criança viajando para longe no banco de trás do carro. A cada atividade proposta ela faz cara de sofrimento e boceja a cada cinco segundos. Só fala Português, ao ser requisitada para abrir o livro resmunga como uma velha de 90 anos e quando não entende alguma explicação reage gritando que aquilo não faz o menor sentido. Semestre passado, com outra professora, essa flor simplesmente levantou no meio de uma explicação e saiu bufando, berrando que não era obrigada a passar por aquilo.
Eu não tenho dúvidas que esse doce de pessoa odeia as aulas de Inglês mas continua indo porque sente um prazer inexplicável em infernizar professores e causar constrangimento entre os colegas. Esse tipo de gente existe: eles se alegram ao transtornar, ao testar os outros até que percam a paciência. São da mesma laia do povo que fala gritando no celular dentro do elevador ou que tenta passar compras do mês no caixa rápido. Precisam de atenção total dos outros, o tempo todo.
Eu decidi parar de aplaudir a louca. Agora só respondo a perguntas relevantes e feitas com o mínimo de civilidade. Também não falo com ela a menos que seja muito necessário. Caso o circo persista, algum colega tem uma sugestão que não envolva matar a cidadã?

Comentários

  1. Pelo número de comentários até hoje você percebe que não conseguimos pensar em nenhuma alternativa ao homicídio.

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