Queridão pop star

Não sei se é do conhecimento dos doze seguidores deste blog, mas meu namorado (vulgo "Queridão") toca em uma banda que é composta por mais sete membros.
Vocês devem imaginar, caros leitores, que um banda pouco conhecida, que toca repertório próprio e não faz cover do Jota Quest não costuma arrastar multidões a seus shows nem servir como meio de sustento a ninguém, portanto Queridão segue com seu trabalho remunerado e fica na banda digamos assim, por diversão. E por diversão fomos parar em um estabelecimento bem peculiar na Zona Norte de São Paulo domingo retrasado.
Minha reação ao estacionarmos o carro no endereço que nos fora dado foi clichê: "Tem certeza que é aqui?" Era. Duas garagens pequenas grudadas uma na outra - de um lado o bar, com um finado piso de ardósia coberto por azulejos brancos encardidos, balcão da década de 70, adesivos velhos colados por todos os cantos, uma geladeira residencial com uns bons dez anos de uso, uma TV grande exibindo um DVD de ska e um fantoche de diabo pendurado no aparelho. Na porta um sujeito de meia idade acima do peso que ostentava dezenas de tatuagens dignas de figurar no ugliesttattoos.com varria uma quantidade assustadora de bitucas de cigarros de dentro do estabelecimento para a calçada. Era o dono do lugar. A banda tocaria literalmente dentro garagem ao lado enquanto a audiência ficaria na calçada ou na rua "curtindo o som".
Queridão e eu, como sempre, fomos os primeiros a chegar. O dono nos cumprimentou, muito simpático. Avisou que não tinha feito flyers anunciando o evento porque senão "apareceria muita tranqueira" e continuou a operação limpeza, explicando que na noite anterior tinha ocorrido um evento ali. Em seguida me ofereceu um assento no sofá velho que ficava na porta do bar, mas diante do estado de conservação do móvel achei melhor recusar. A única coca-cola do lugar era uma de dois litros aberta que provavelmente era usada para misturar com cachaça.
Pouco mais de uma hora depois a banda já estava toda lá se preparando para tocar enquanto a platéia ia chegando. Era composta basicamente de sujeitos carecas com coturnos e granadas, teias de aranha e até campainhas tatuadas na cabeça. Alguns vestiam camisetas com os dizeres "Sangue Ruim", que depois descobri ser a banda que se apresentaria depois da do Queridão.
As poucas mulheres do lugar tinham ares de que dariam uma surra em pelo menos três integrantes da banda de uma vez se eles as olhassem meio de lado. De fato, antes da apresentação uma delas deu uma surra em outra, que saiu de lá sangrando bastante. Desconheço os motivos da peleja. Os rapazes carecas também gostavam de brincar de briga, se agarrando e rolando no chão "só por diversão". Eu e as outras namoradas da banda tínhamos duas opções: ficar na rua e ser atropeladas por um ônibus ou ir para a calçada e ser atropeladas por punks brincando de jiu-jitsu.
Apesar de tudo, devo dizer que a apresentação foi ótima. O som estava melhor que o de alguns lugares mais "chiques" nos quais a banda já tocou e e todo mundo se divertiu bastante. Os moços punks eram bonzinhos, o dono do bar uma simpatia e dois Cds foram vendidos. Um sucesso retumbante que marca mais um degrau na escalada de Queridão rumo ao estrelato. Certeza.

Comentários

  1. Amiga: Mais de uma vez já pensei em ir com a Darling a um de vossos eventos. Porém gostaria de comparecer quando fosse em um estabelecimento menos underground como o descrito.

    Quando puder passa um link youtubico ou de áudio dos rapazes de Liverpum. A darling tem gostos menos cults e eu terei que prepará-la.

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  2. Poxa, passa o nome da banda do seu queridão, e também o endereço desse lugar =)

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  3. Tio, será uma honra recebê-lo em uma apresentação. Queridão costuma se apresentar em locais underground mesmo, (bom, não tanto quanto o referido local) a maioria localizado na rua Augusta. Mas garanto que o ambiente é familiar e o som deles é bem legal. Dá uma olhadinha:
    http://www.youtube.com/watch?v=psfVCRDseks

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