Médico do trabalho

Estou pra ver coisa mais xexelenta deprimente que consultório de médico do trabalho. Médico do trabalho é tipo o tiozão do churrasco com curso superior. É aquele cara que usa camisa xadrez de manga curta para trabalhar. É o sujeito que ralou a bunda seis anos na faculdade e hoje bate um carimbo como ninguém.

Nessa minha vida de duzentos trabalhos fui admitida em mais um e precisei encarar o exame admissional ontem. Prédio velho no centrão de São Paulo, já era de se esperar. Porteiro lendo Metro atrás de uma plaquinha que diz "favor identificar-se" nem olha na minha cara. Ao ver o naipe do elevador, decido pelas escadas. Niemeyer, de calças curtas, deve ter apertado aqueles botões.

Sala de espera tosca, cheia de cadeiras, Ana Maria Braga na tv e recepcionista com cara de cu. Ela me atira uma ficha e resmunga "assinala sim ou não" enquanto folheia uma Tititi. E sempre, incrível, sempre tem o moleque sendo registrado no primeiro emprego que não entende que é pra marcar não em tudo e faz perguntas do tipo: "Aqui onde diz 'já teve alguma doença?' gripe conta?" ou "Fimose é cirurgia?".

O médico me chama. Faz as mesmas perguntas da ficha, afere minha pressão, checa os batimentos cardíacos e pronto. Ainda me pede para, na saída, chamar o próximo, porque levantar da cadeira é para os fracos. Estou apta a exercer minha profissão! Palmas pra mim!

Sério. Só não digo que é o dinheiro mais fácil do mundo porque, a julgar pelas condições do consultório, não deve ser tanto dinheiro assim.

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