Da arte de se dar mal em festas juninas

Há duas coisas com as quais eu posso contar em Junho - minha rinite e as festas típicas. Sendo obrigada a trabalhar nas benditas celebrações do colégio todo ano, já adquiri certa experiência e sempre procuro maneiras de tornar a experiência o menos dolorosa possível. Se você, coleguinha, um dia for obrigado a trabalhar em uma festa junina, seguem aqui duas dicas valiosas de sobrevivência:

1 - A escolha do turno: Festa junina de colégio é dia de deixar a preguiça de lado e acordar cedo, pessoal. Sabendo que 99% delas acontecem aos sábados, é de se esperar que a família brasileira só acorde de verdade, se levante, arrume os filhos, coloque avó, cachorro e papagaio dentro do carro por volta das 11 da manhã, o que quer dizer a festa vai encher mesmo depois do meio dia, quando hordas de crianças famintas se dependurarão gritando no balcão de cachorro-quente. O primeiro turno, portanto, é o ideal.

2 - A escolha da barraca: Ainda que você tenha conseguido o turno da manhã, a escolha da barraca certa garantirá sua paz nas três ou quatro horas que você passará em pé ouvindo música sertaneja. Duas devem ser ignoradas logo de cara - a do churrasco e a do pastel. Motivo: não voltar para casa cheirando a feira livre. As barracas de comida salgada além disso costumam ser as mais procuradas, o que significa trabalhar bastante, última coisa que você quer fazer num sábado, não? Restam as bebidas, brincadeiras e doces. Analisemos.
Bebidas - também bastante procuradas, dão menos trabalho que a comida e não produzem odores. Basta abrir e fechar a geladeira. Podem ser uma opção em último caso.
Brincadeiras - nunca. Jamais. Em tempo algum. Nem considere se voluntariar para a pescaria ou a boca do palhaço. Você passará o dia ouvindo "tiiiiiiiiia", "tiiiiiiiia", "tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiia", terá que consolar os ruins de mira que não ganham nada e convencer os mais ou menos que acertar uma bola só dá direito à saboneteira mesmo. Isso tudo e ainda se abaixar e se levantar centenas de vezes para resgatar bolas ou recolocar peixinhos. E reze para não ter prendas realmente boas na sua barraca - uma vez trabalhei a tarde em uma que tinha estalinhos. Não tive um segundo de paz.
Doces - convenhamos, quem come doce de festa junina? Criança não gosta de paçoca, pé de moleque, curau, doce de abóbora. A barraca dos doces é frequentada pelas avós, tiazinhas, gente calma, pacífica e que só vai aparecer lá uma vez. Parabéns, você descobriu a barraca perfeita.

Agora vejam a ironia da coisa, coleguinhas. Com toda esta experiência, eis que esse ano fui colocada no turno da tarde, no cachorro-quente. Antevejam o sábado que me espera e se compadeçam. Obrigada.

Comentários

  1. ano passado, eu fiquei na barraca ao lado da pescaria. Fiquei com dor no ouvido só de ouvir " tio, tio, tio, tio" a tarde inteira. As crianças pareciam grilos.

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  2. Grilos. Essa é a definição perfeita.

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  3. "E eu que..." nada, Bruna. Pode liberar aí suas histórias tristes de festa junina.

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