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Quando eu tinha 13 anos, como todo mundo, eu gostava de imaginar como seria minha vida em tão distantes 20 anos. Estaria casada com o Joey McIntyre? Teria filhos? Conheceria a Europa? Teria finalmente aprendido a usar um abridor de latas? Ficava pensando em como seria bom se tudo estivesse completamente diferente porque olha, confesso, meus 13 anos não foram fáceis não (os de alguém foram?). Eu era tímida, intolerante e solitária. Tinha uma auto estima do tamanho do Nelson Ned e aquele péssimo hábito de me apaixonar pelos meninos cabeludinhos mais velhos que não estavam nem aí para mim. Não sabia me pentear nem me vestir e morria de vergonha das minhas pernas finas. Teria sido bom naquela época ter ouvido uma palavra de apoio, ter alguém me garantido que ia melhorar. Se eu pudesse escrever uma carta para mim aos 13 anos, ela seria assim:

Oi Paula, tudo bem por aí? Ok, é uma pergunta retórica, já estive "por aí" e sei que tá fácil não. Eu aqui em 2011 até que estou bem. Não me casei com o Joey, mas olha, tudo bem porque taí um cara que envelheceu mal, viu? Aliás, daqui a pouco você vai descobrir que gastou muitos cruzeiros reais com essa tranqueirada do New Kids on the Block e eles nem eram tão legais assim. Se bem que diante das opções de hoje, os caras eram gênios. Na verdade eu não me casei com o Joey nem com ninguém, mas depois de alguns corações partidos e uma período de vacas magras conheci um cara incrível, bonito, engraçado, adorável,  que me ama e que me faz cada dia tentar ser uma pessoa melhor. E isso é tudo que a gente precisa mesmo nessa vida: ter alguém por quem ser melhor.
Os filhos ainda não vieram também. Talvez venham. Talvez não, esse tipo de pressão não me incomoda nem um pouco, mas acho que isso você já sabe. Aprendemos muito cedo a lidar com o peso que é não ter opiniões iguais às da maioria.
Eu ainda não fui à Europa, mais por medo do que qualquer coisa. Se eu pudesse mudar alguma coisa, inclusive, diria para você não ter medo de nada. Mais: diria para você não deixar nunca que alguém diga que você não consegue. Isso é um puta clichê mas a verdade é que a maioria das decisões idiotas que a gente toma na vida tem a ver com esse "você não consegue". De qualquer maneira, a Europa está lá, as passagens estão baratas e eu não tenho mais medo, então esse cenário deve mudar em breve. Mas não se chateie, porque eu até que já viajei bastante, conheci lugares lindos com gente que eu amo demais. E tenho essas lembranças como as mais preciosas.
Diga ao pessoal aí em casa o quanto você os ama. Sempre. Eu sei que essa coisa de demostrar sentimentos não é muito a noss cara, mas acredite: um dia você vai carregar o peso de não ter feito isso o tanto quanto gostaria.
Sua vida vai ser ótima. Você vai aprender a cultivar as amizades e a aceitar os defeitos dos outros um pouco mais (mas não muito, tem coisa que não dá, eu sei). Vai fazer o que gosta, descobrir as roupas e o cabelo que te caem melhor e vai, um dia, achar legal ter pernas finas, eu juro. Vai dar tudo certo, talvez não da maneira como você imagina, mas de um jeito muito bom de qualquer forma.
Deixo como último conselho algo que pode te garantir noites bem dormidas e consciência limpa no futuro: vodca e tequila não são para você. Estou falando sério.

Beijos,

Paula.

Comentários

  1. É incrível como você consegue me fazer chorar e rir tanto no mesmo post. Puta sensibilidade maravilhosa, e desejo que daqui mais 20 anos você tenha muito muito muito mais motivos pra olhar pra trás e ver o quanto foi e é feliz pra caramba.
    Muitos beijos e feliz aniver!!!

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  2. Maravilhoso Paulete!!!!
    Mais motivos pra comemorar hj!!!
    Parabéns!!
    Bjinhos
    Clau

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  3. olha, paula, eu tou tendo dias horríveis ultimamente, mas ler o teu post me animou e nem sei por quê... tomara que um dia eu possa escrever uma carta otimista e leve assim pro meu eu do passado também :)
    feliz aniversário, guria.

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