Ah, o transporte coletivo!

Peguei o Lapa - Praça Ramos lá pelas nove da manhã para ir ao Pilates. Estava meio cheio, então tive que ficar perto da catraca até o ponto seguinte, onde ele costuma esvaziar. Uma velhinha fica em pé ao lado de um banco reservado ocupado por duas mulheres que não deveriam estar lá.
Uma mulher retruca para uma das sentadas:
"Não vai dar lugar para a senhora não?"
Ao que a fina responde:
"Eu dou se eu quiser."
Daí em diante o que se sucedeu Foi aquela maravilha de diálogo travado em voz bem alta e que consistia em coisas tipo (tirem as crianças da sala, por favor):
"VOCÊ TÁ BEM ACABADA MESMO MAS AINDA NÃO TEM IDADE PRA SENTAR NESSE BANCO!"

"CALA A BOCA E PARA DE ENCHER O SACO, SUA PUTA!"

"TÁ MUITO GORDA, NÉ, NÃO AGUENTA COM O PRÓPRIO PESO E PRECISA FICAR SENTADA, SUA VACA!"

"OLHA QUEM FALA, BALEIA!"

"TÔ GORDA MESMO MAS EU ME GARANTO, TEM QUEM GOSTE!"

"SUA RIDÍCULA, VAI SE FODER!"

"TOMARA QUE QUANDO VOCÊ FICAR VELHA PEGUE UM ÔNIBUS E ROLE PELAS ESCADAS, SUA BISCATE!"

"VAI TOMAR NO CU, QUERO VER VOCÊ ME TIRA DAQUI SUA PELANCUDA MAL AMADA!"

"EU VOU MESMO! VOU TE ARRANCAR DAÍ SUA VAGABUNDA!"

"ATÉ PARECE, TU NÃO É MULHER PRA FAZER ISSO!"

Claro que eu adoraria ter ficado por perto para continuar ouvindo tanta elegância, mas um lugar vagou lá no fundo e resolvi sentar. A velhinha mesmo já tinha sentado em outro banco um ponto antes. A discussão parecia ter esfriado um pouco e assim o ônibus seguiu por mais uns dois pontos. Quando ele parou no terceiro, só vi as duas lindas se pegando lá perto da catraca e rolando pelo corredor do ônibus segurando nos cabelos uma da outra até a saída. O coletivo fechou as portas e seguiu viagem enquanto as duas continuaram brincando de UFC na Praça Cornélia. Estivesse eu na praça teria chamado a polícia, porque era bolsa, tamanco e soco pra tudo quanto era lado.

Quem pega ônibus NUNCA fica entediado gente. Fato.

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