Festa na janela da tia Paula


Os cinco leitores assíduos deste cafofo sabem que habito um condomínio cheio de gente fina, elegante e sincera que chamo aqui de Jambalaia. Pois bem.

Não sei vocês, cinco leitores, mas no meu mundo se você tem menos de 12 anos, as 11 da noite tem que estar de banho tomado, dentes escovados, de pijama, jogando play station no conforto do seu quartinho. Infelizmente meus vizinhos não concordam com isso e 11 da noite uma horda de batutinhas pré-adolescentes  fica rondando o condomínio batendo bola e conversando naquele tom de voz muitíssimos decibéis acima do recomendado pela OMS. E apesar do Jambalaia ter quadra, playground e uma área externa relativamente grande, os batutinhas gostam mesmo é de se reunir no banco que fica bem ao lado da minha janela (e eu moro no térreo, vejam bem).

Ontem, 10 e meia, festinha no banco não dava sinais de que ia acabar logo. Eu gosto de sofrer, sabem, seus lindo, e acordo 5:30 da manhã todos os dias. Precisava dormir, mas a galerinha do barulho não deixava. Apelei para minha técnica infalível de colocar a cara na janela pra ver se eles se tocavam, mas aparentemente a técnica infalível falha miseravelmente quando usada com menores de idade. Fiquei uns 30 segundos encarando a patota até um deles me reconhecer, já que metade das crianças do condomínio estuda na escola que eu coordeno: "Olha, é a professora de inglês!" Me recolhi satisfeita para, dois segundos depois ouvir a conversa continuar rolando.

"Ela é sua professora da escola?"

"Não, ela dá aula no schlebts institute."

"Ah, ela é chata?"

"Não, a da escola é muito mais chata."

Diante dos rumos da conversa, pensei em avisá-los de que estava ouvindo tudo, mas achei mais divertido deixá-los continuar. Dali pra frente foi um tal de malhar tudo quanto era professora do colégio, falar que meus óculos estavam diferentes (sim, tenho óculos de sair e de ficar em casa), perguntar se eles tinham a professora no facebook e piriri pororó 11 da noite e nada da patota se recolher. Estava quase ligando para a portaria que não quero ser eu a mala que manda o filho dos outros dormir, mas enfim... Deu 11:30 alguma mãe abençoada chamou o primeiro e os outros foram seguindo seu caminho.

Daí eu penso que essa molecada fica cacarejando até 11:30 da noite ao lado da janela alheia e ainda tem assunto pra falar na escola no dia seguinte. Olha. Tô considerando pó de mico no banquinho da próxima vez.

Comentários

  1. eu ficaria é puta porque eles ficam ate 11:30 a rua tendo que acordar cedo pra ir a escola no outro dia.
    dai lida o professor com adolescente mau humorado de sono atrasado.

    (gente eu dormia 10 horas qdo tava na escola haha)

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  2. Eu adoro criança, sabe. Mas quando está sozinha. Quando elas se juntam são dominadas por não sei que energia, que poderia torná-las um bando com comportamento similar ao das torcidas organizadas.

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  3. hahaha
    eu lembro que eu conversa tanto na sala, mas tanto que uma vez o professor parou a aula e num tom de voz calmo e baixo, sentou-se e pediu silêncio ao resto da turma: "eu queria saber, algo que muito me intriga, o que é que tem tanto pra falar que o assunto nunca acaba? é sério. deve rolar tipo 'os melhores momentos da conversa de ontem' não rola, não? sério mesmo"

    me marcou, hahaha. e eu, super já usei isso na sala de aula uma vez ;)

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