Diálogos imaginários publicáveis

Dia desses, enquanto eu curtia um sushi de lula em um restaurante na Liberdade, o Laerte entrou com alguns amigos e se sentou à mesa ao lado da minha. Depois de todo "aimeodeosdocéo o Laerte está aqui do lado vou tomar um litro de saquê e falar com ele (corações)" que obviamente não aconteceu, fiquei imaginando como eu explicaria o Laerte para dona Pierina, filha de italianos nascida na roça há uns 100 anos, também conhecida como minha falecida avó.

Vó: Mas ele é homem?
Eu: É homem sim.
Vó: Por que ele se veste de mulher?
Eu: Porque ele gosta. Porque ele tem vontade de saber como é ser mulher.
Vó: Então ele é travesti.
Eu: Mais ou menos, vó, travesti é uma pessoa que se identifica com o sexo oposto, que se sente como alguém do sexo oposto. Ele só gosta de se vestir de mulher.
Vó: Mas ele gosta de... namorar homens, então.
Eu: Também, eu acho. Mas ele tem uma namorada. Uma mulher. Ele é bissexual.
Vó: Mas pode isso? Ou você gosta de homem ou gosta de mulher.
Eu: Pois é, tem gente que gosta dos dois.
Vó: No meu tempo não tinha isso.
Eu: Tinha sim, vó, só que as pessoas tinham que fazer isso escondido, e hoje elas podem contar pra todo mundo que fazem.
Vó: É, né?
Eu: É. Quer dizer, nem pra todo mundo, ainda tem uns imbecis por aí que acham que é doença.
Vó: Hoje em dia o povo acha que tudo é doença, né?
Eu: Pois é.
Vó: Mas me explica isso aí direito, Paulinha, pra ver se eu entendi - ele é homem, mas gosta de se vestir de mulher. Mas ele não quer ser mulher. E ele namora uma mulher que não liga dele usar saia e maquiagem. Mas ele já namorou homem também.
Eu: É mais ou menos por aí, vó.
Vó: E depois vocês dizem que velho é que complica as coisas, francamente...

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