Day 1 - Your best friend

Este desafio das cartas já estava fadado ao fracasso logo de cara por motivos de: neste momento eu não sei que é você, melhor amigo.

Eu tenho bons amigos, daqueles que a gente fica meses sem se ver e quando se encontra parece que foi ontem. Eles já foram meus melhores amigos mas a vida, o tempo, a distância dificultaram um pouco as coisas para nós.

Se melhor amigo é aquele para quem a gente liga quando falta o chão debaixo dos nossos pés eu teria necessariamente que incluir aqui pessoas da minha família, mas já existem cartas destinadas a vocês neste desafio, então prossigamos.

Tem você, a amiga da faculdade, aquela com quem dividi os anos de dureza monetária e moleza emocional. Aquela que, não fosse porque sim, jamais teria se tornado minha amiga. A gente se torna amigo porque sim. Com você eu já fiquei bêbada em um rodeio em São Roque, já briguei com você nesse mesmo rodeio nem lembro o motivo, já fui a festa boa e a festa miada, já consolei e fui consolada nas dores de cotovelo. Já passamos tardes tomando café e falando até o maxilar doer, porque se tem uma coisa que nunca faltou entre a gente foi assunto. Já colamos em prova, já reprovamos na mesma matéria. Já fizemos coisas daquelas que a gente dizia que só poderia contar aos netos, jamais aos filhos.

Eu admiro a sua disposição em fazer as coisas, em agir. Admiro a facilidade com que você se envolve, a paixão com a qual lida com a vida. Eu sempre fui mais distante, mais no meu canto. Eu gosto de pessoas, mas não sei lidar muito bem com elas.

Ano passado num momento em que eu precisava muito, você me deu a mão e bons conselhos também. Engraçado que na nossa relação quem normalmente dava os conselhos era eu, mais velha, mais ponderada, sempre observando as coisas de uma perspectiva mais pragmática. Mas naquele momento quem observava de fora era você. Você era a mais experiente ali, a expert em corações partidos me ajudando a lidar com meu primeiro em muitíssimo tempo. Sobrevivi, superei, e as melancias na caçamba do meu caminhão acabaram se ajeitando, pra usar esse símile que a gente gosta tanto.

Eu poderia dizer que nos afastamos porque nos tornamos pessoas diferentes, mas isso nós sempre fomos. Muito. Nos afastamos como nos juntamos: porque sim. Um dia a gente se junta de novo, sem cobrança, sem pressão. Amizade é assim mesmo.

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