México parte 1: CDMX

Tambores tocam no Zócalo, a praça central da Cidade do México. Eu os ouço do terraço do hostel, onde começo a escrever esse relato no meu último dia aqui. Amanhã sigo para a parada mais esperada desta viagem, Oaxaca, da qual falarei em outro post. Hoje me despeço desse lugar que tocou meu coração de um jeito que eu jamais esperava,

Os tambores dos xamãs que ficam na praça benzendo os turistas com ervas e rezas foram a trilha sonora desta parte da viagem, mais do que as esperadas cumbias e mariachis. Os tambores e o realejo, que, diferente dos daqui, não tem um papagaio pegando cartinhas para os transeuntes, só um senhorzinho uniformizado girando a manivela numa melodia que começa as sete da manhã e termina só depois que o sol se põe. 

A Cidade do México (CDMX, para os íntimos) é uma São Paulo mais limpa, mais verde, mais histórica, com táxis cor de rosa e com uma comida melhor. Aliás, aprendi que os táxis são rosa mas não qualquer rosa, são de um tom de rosa chamado "Mexican pink" que é considerada a cor símbolo do país. CDMX é imensa, como todos sabem, e tudo é meio longe sim, mas dá pra se virar bem com transporte público e andando (amém Moovit). O metrô é velho, lotado e capenga, mas, ao contrário de São Paulo, vai para tudo quanto é lugar, além de ser baratíssimo. Uma passagem custa 5 pesos, o que é menos de 2 reais. Eles também tem um sistema chamado metrobus, que são basicamente ônibus que circulam em faixas exclusivas e chegam a mais lugares que o metrô. Não consegui usar porque neles você só pode embarcar com um cartão de transporte e por algum motivo misterioso não havia cartões para comprar em lugar nenhum. Segunda a bilheteira do metrô eles estavam em falta e pronto. América latina sendo América latina.

No primeiro dia visitei o museu de antropologia, que é belíssimo e fica num bairro bem gostoso. Vale a pena tirar uma tarde para ir lá  e depois tomar um sorvete (ou comer um doriloco - um pacote de salgadinho com molho, pimenta, queijo e o que mais seu coração mandar - se tiver coragem) no bosque Chapultepec que fica em frente ao museu. Estava cansada da viagem e depois de uma volta pelos pontos turísticos do centro voltei para o hostel para dormir. 

No segundo dia tentei ir à Casa Azul, da Frida Kahlo, e dei com a cara na porta, Ingressos esgotados pelos próximos dois dias (comprem online e com antecedência, amiguinhos). No final foi uma das melhores coisas que podia ter acontecido. Enquanto eu esperava informações na porta do museu, ouvi a atendente dando indicação a outra turista do mercado de Coyocán. O mercado fica a duas quadras de lá e é O lugar para quem quer provar comida típica mexicana real, sem turistada. Lá comi uma tostada de ceviche de polvo perfeita por 20 reais, provei chapulines (o grilo seco que é clássico na culinária mexicana) e levei pro hostel ameixas cobertas com chocolate. Além disso, Coyocán é um bairro lindo, ótimo para se perder andando, parar nas pracinhas, tomar um sorvete ou uma cerveja. 

O ingresso para a Casa Azul dá direito a um ingresso para o museu do Diego Rivera. Eu achei que era o museu mais famoso, o estúdio, só que não. Andei dois quilômetros e fui parar no outro museu do Diego Rivera, um que é a coleção de arte pré-colombiana dele. nada muito diferente do que eu tinha visto no dia anterior no museu de antropologia. Já estava meio tarde, eu estava cansada, e acabei trocando o estúdio do Diego Rivera real por cervejas locais no Roma, outro bairro delicinha para fazer uma caminhada e tomar um negocinho. No final descobri que o ingresso para o museu da Frida Kahlo custa 270 pesos e para o estúdio do Diego Rivera custa 40, o que eu chamo de reparação histórica já que ele era um boy bem lixo. 

Também teve Xochimilco. O que dizer de Xochimilco? É um parque nos arredores na cidade onde dezenas de barcos coloridos se espremem em vários canais. Dentro dos barcos o pessoal almoça, bebe, comemora aniversário. Tem mariachis e caixas de som para tudo quanto é lado. Uma farofa maravilhosa. Parece programa de turista, mas a real é que tem muitos locais. Eu amei. Muitas cores, música e comida boa. Em Xochimilco, inclusive, comi minha primeira coisa preferida no México: mole poblano, um molho feito de pimenta poblano, especiarias e chocolate. 

Voltei ao museu da Frida Kahlo dois dias depois e me emocionei real. Ver a cama onde aquela mulher deitou, os pincéis com os quais ela pintou, os livros que ela leu, o laguinho onde ela alimentou os patos. Foi bonito pra caralho. Foi bonito demais. Como tudo nessa viagem.

Para encerrar, fui com o pessoal do hostel parar numa cantina, que é como os mexicanos chamam seus botecos. Chão grudando, cumbia torando, pulque (um fermentado alcoólico de agave) curtindo dentro de um galão de plástico. Eu, como boa botequeira, emocionadíssima. Poucas coisas dizem mais sobre um povo do que um boteco pé-sujo. 

A Cidade do México é belíssima. Viva, colorida, cheia de gente simpática e de sabores únicos (uma coisa que eu não esperava e que é maravilhosa lá: os pães). Eu já era apaixonada pelo México de longe, e ali eu tive a confirmação do quanto esse país é incrível. E foi só o começo da viagem. 


Eu, o Zócalo e o táxi cor de rosa




Comentários

  1. Nossa, que interessante! Quando eu fui, fiquei em Coyoacán e tive as mesmas impressões da vivacidade da cidade. Porém, odiei o molho mole. Principalmente por causa do chocolate!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas